sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Qual é o seu eu?


Qual é o seu eu?

Seus olhos me revelaram quem você é sabia? Eu os vi atravessando a rua aqui perto de casa, estavam tristes tenho que reconhecer, eu diria dignos de pena na verdade, mas eu não chorei por eles pois em num relance vi suas sobrancelhas arquearem quando me viram e vi também sua boca disfarçar a tristeza com com um deboche cínico.
Então me perguntei, se seus olhos são azuis, belos e fotogénicos por que você os faz chorar? Veja bem, meus olhos são negros , descriminados e vivem coçando com a poeira atirada pelo preconceito porém eu os deixo sempre cheios de esperança. O que te leva a sofrer? Como se adivinhassem meus pensamentos seu olhos encararam os meus com frieza; mas logo desabaram em lágrimas e me mostraram que ao contrario dos meus eles não eram livres. E eu? apenas abracei você.

Declarações ao vento. Vozes estranhas...


Declarações ao vento. Vozes estranhas.


Esse sentimento de mudança deveria crescer para todos os lados e em fim explodir como uma nuvem de bons fluidos e felicidades; não sei por que mas acredito que tudo vai ficar do mesmo jeito, nada será retirado do lugar afinal desde que vim residir entre os homens percebo que não existem mudanças reais.
Não estou triste, apenas me sinto vazio, é de certa forma isso é um pouco pior que a tristeza; exausto de escrever para o vento eu tento me calar mas no fim as palavras sempre dão um jeito de escapar, elas sempre conseguem.. Por que estas coisas acontecem comigo? Acaso tenho mais força que os outros homens? Ou na verdade sou eu quem procuro meus problemas? Eu posso ter tudo mas sem amor ainda serei nada.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Símbolos do passado.


Símbolos do passado.


O corpo parece leve e sinto que posso desmaiar, cheio de uma vitalidade que me incomoda eu entendo que meu destino é igual ao de todos, a morte. Eu não acredito que isso seja assim tão fácil, e nem creio que continuar de pé seja tão simples quanto parece ser.

Meu coração dói, cheio de um sentimento que é tão grande que chega a sufocar, aos poucos vou aprendendo a não confiar em meus instintos por que esses sempre me levaram a lugar nenhum. Especiais foram os que morreram pois suas mensagens foram imortalizadas como deuses através do tempo. Tenho vontade de dizer coisas que nem mesmo eu sei o que, mas mesmo assim sinto que não são boas, pois acumuladas como vomito elas me entalam e me fazem chorar.

Um misto de raiva e tristeza que vive dentro de um amor só meu, que ninguém jamais quis provar, as vezes acho que dar e não receber é ainda melhor que ser rejeitando, e é me entregando a qualquer coisa e as migalhas das ilusões que acredito estar melhor que ontem e pior que amanhã.

A complexa certeza de alguém...


A complexa certeza de alguém...

As vezes no meio da noite eu acordava e com os olhos vidrados nas sombras que se movem em meu quarto, então parava e pensava um pouco no passado; não demorava para eu me arrepender, nessas horas a vontade de desabafar vinha a tona com tanta força que desalinhava os pensamentos e fechava meus olhos mesmo quando não queria assim.

Outro dia eu resisti, deixei meus olhos bem abertos a observar a janela, tentando compreender como o tempo passa e no final mais uma vez eu não entendi como ocorre essa trajetória. As luzes se ascenderam na cidade e do alto debruçado em meus sonhos lúcidos eu apenas observei mais uma vez o vai e vem incansável e corriqueiro dos homens de bem.

Como algo me surpreenderia se não fora aquela a primeira noite que o sono me deixou para visitar os cansados de pensar? As nuvens vieram até mim, cheias de duvidas e perguntas, e em meio aos seus lamentos percebi finalmente o que ocorria e o por que de tantas noites a fio observando o vazio que o tempo não supria.

Uma chuva forte caiu do céu numa noite enferrujada, e finalmente o vento frio tocou minha face como um tapa que me ascendia para uma verdade que por pensar demais eu reneguei mais que a mim. Dos céus caem as duvidas, as expectativas, as lembranças e tudo aquilo que acreditamos ser inalcançável; até ai tudo bem eu já sabia; o motivo da minha insônia é que ao contrario de todos os que recebiam as águas da duvida eu percebia nascer em minha vida uma torrente de soluções.

O incompreensível teatro do amor.



O incompreensível teatro do amor.

É exatamente quando as palavras fogem à mente que nós nos debruçamos sobre as teclas que a muito se tornaram nossas amigas mais fieis; deixando de acreditar nos lábios humanos que metem para nos convencer de sentimentos incertos, percebemos como tudo que um dia acreditamos ser era apenas um fruto de uma coletividade tão desprezível; eu gosto é do inesperado, e as raízes da rebeldia já tomaram meu peito.
Muitas vezes tenho vontade de gritar, mas me pergunto, pra que? A minha garganta hoje tão rouca não suportaria ser estuprada mais uma vez por sua surdez infame; as lembranças do que um dia foi pele ao deitar em minha pele, me deixam tão nauseado quanto feliz; e eu não me recordo bem quanto tempo faz que me entreguei a esse estado moribundo de amar.
Suas mentiras fazem tanto sentido que reconfortam minha necessidade masoquista pela verdade, elas me salvam de mim e recriam-me um gozo tão infantil, de chorar por ilusões. Tão artista sou que torno nossas vidas tão vazias e belas; mais então me pergunto, quem esta assistindo o meu espetáculo de molestar a mim mesmo? E quem irá aplaudir quando o fim for inevitável? As cortinas já se fecharam.
O tempo é uma medida de contar os momentos que correm em nossas vidas, e essa necessidade de somar e subtrair nos atira violentamente à idéia de fracasso de nada ter, mesmo quando temos tudo! E o mais triste não foi o que minhas lágrimas rascunharam apouco, mais sim o fato de tudo isso ser tão agradável e víciante que não somos capazes de não mais sofrer.